Hoje conversamos com Ana Isabel Arroja, tem 37 anos, 2 filhos
– a Leonor com 10 anos e o Salvador com apenas 13 meses, é Mãe, Mulher,
Comunicadora, Animadora de Rádio, DJ, Blogger e mais, se houver.
5’Tastic Moms: Quem
é a Ana Isabel Arroja?
Ana Isabel Arroja: Sou
eu, a Arrojinha, muito gosto! (risos) Respiro música e rádio, sou louca por
animais e não vivo sem a minha família e os meus amigos que são quem, no fundo,
me atura. Acho que sou uma pessoa simples mas, ao mesmo tempo, complicada. Toda
eu sou uma contradição.
5’Tastic Moms: O que
é para si ser mãe?
AIA: Era um sonho
desde pequena. Sempre quis ser Mãe. Sempre disse que podia acontecer-me muita
coisa na vida mas se não pudesse ter filhos biológicos seria muito infeliz. Sei
que podem estar a julgar-me nesta altura porque há sempre a questão da adoção,
sempre ouvi dizer que se ama da mesma forma mas era uma cena minha. Até podia
ter 5 filhos adotados mas gostava de ter, pelo menos, 1 biológico. Para mim
ser Mãe é mimar, educar, acompanhar, estar presente o mais possível e brincar,
brincar muito e gargalhar até não poder mais. É incluir os filhos na nossa vida
e rotina enquanto casal, não o contrário.
5’Tastic Moms: A Ana tem 2 filhos lindos, as gravidezes foram planeadas? O que sentiu
quando descobriu que estava grávida?
AIA: Super planeadas,
ambas. Da Nô foi muito rápido. 1 ou 2 meses depois de começarmos a tentar
engravidei, nem tivemos tempo para treinar muito (risos). Do Salvador já foi
mais complicado. Começámos a tentar e não acontecia nada. Tentámos durante 1
ano e meio e, quando estávamos prestes a ir ao médico fazer exames para
entender o que se passava, engravidei mas abortei 1 semana depois de descobrir
que estava grávida. Foi um choque muito grande. Não entendia, enquanto mulher,
o que podia estar a falhar. Sempre fui saudável, o Gil também, tinha sido tão
fácil da 1ª vez e agora não. Foi um turbilhão de sentimentos, uma frustração,
uma dor muito grande mas superámos tudo com muito apoio familiar, voltámos a tentar
e, apesar de ter demorado quase 1 ano, conseguimos. Desistir estava fora de
hipótese. Ponderámos adotar mas fomos brindados com o Baby S.
5’Tastic Moms: Alteraste a tua maneira de agir,
enquanto mãe, do primeiro para o segundo filho? Se sim, em quê?
AIA: Sou muito
descontraída por natureza, talvez até demais e 9 anos (a Nô tem 10 e o Salva 1)
fazem muita diferença, esquecemos muita coisa. Não é bem como andar de
bicicleta (dizem que sim, eu acho que não) mas o lado positivo é que encaramos
tudo de uma forma ainda mais descontraída, mais despreocupada. Agora também
tenho a Nô que nos ajuda imenso e participa em tudo. Não somos 2 Pais com 2
filhos pequenos, somos sim 2 Pais e 1 mana mais velha com um bebé. Somos 3 a
cuidar de 1. No entanto, há uma coisa que noto que acontece, não sei se é fruto
da idade mas tenho aproveitado muito mais o Salvador. Sempre fui muito de
agarrar, de abraçar, de beijar, de snifar a Nô (Há lá coisa melhor do que
cheirar os nossos filhos??) e agora com o Salva sou tudo isso a triplicar! Se
puder não o largo nunca, apetece-me estar sempre com ele, namoro ainda mais com
ele mas, como já tinha dito, acho que isso tem a ver com a maturidade. Tinha 27
anos quando fui Mãe pela 1ª vez, agora estou a caminhar para os 40. (Credo! Vou
só ali deprimir-me e já volto)
5’Tastic Moms: Quais
são os seus maiores receios/medos como mãe? E como mulher?
AIA: Tenho uma pedra no
sapato sempre: a morte. Tenho pavor de morrer e eles ficarem sem mim, tenho
medo que lhes aconteça alguma coisa a eles. Tento relativizar mas vivo
aterrorizada com isso. Esse é o meu maior medo. O maior susto que apanhei foi
quando ele esteve internado com uma infeção urinária, nem 1 mês tinha ainda.
Pensei que me dava uma coisinha má. Depois, como é óbvio, tenho muito medo que
não sejam boas pessoas, íntegros porque a verdade é que os educamos mas a
partir de uma certa altura eles seguem o seu próprio caminho e tenho medo que
se desviem daquilo que acho que é o caminho certo. Tenho medo que não sejam
felizes. Façam o que fizerem na vida têm de ser felizes, é a alavanca para
tudo. E educados. Pessoas mal educadas tiram-me do sério.
5’Tastic Moms: Que
tipo de mãe é a Ana?
AIA: É tão difícil
responder a isso, já me perguntaram várias vezes e não sei bem o que responder.
Não é uma questão de tentar ser modesta é porque não sei mesmo. Eu sou eu, sou
a Arrojinha independentemente de ser Mãe ou não. Sempre fui assim, sempre fui a
mesma com ou sem a exposição pública que o meu trabalho implica. Mantenho os
meus amigos de infância e adolescência, continuam a ser os meus melhores
amigos, por exemplo. Sei que há quem defenda que Mãe não é, nem tem de ser, a
melhor amiga dos filhos. Lamento mas não concordo nada com isso. Também não
faço questão de ser “A” melhor amiga da minha filha (falo mais nela porque o
Salva ainda é bebé e o tipo de relação que tenho com a Nô ainda não tenho com
ele) mas faço questão, isso sim, de ser amiga para além de Mãe porque eu sou
assim, é a minha forma de estar na vida e não há ninguém que a ame mais do que
eu e o Pai. O melhor elogio que me podem dar, enquanto Mãe, é “Vocês parecem
duas irmãs que se dão muito bem!” e eu adoro isso, ouvimos isso constantemente.
Acho que é possível educar e ser amiga ao mesmo tempo. Também digo que não,
também ralho (pouco, é verdade), ela também fica zangada comigo de vez em
quando porque não a deixo fazer alguma coisa mas somos muito amigas. Às vezes
olho para ela e sim, sinto uma ligação muito particular com ela, é a minha
grande companheira, divertimo-nos juntas como amigas o que não anula o meu
papel de Mãe. Quando está doente lá está a Mãe para apoiar e dar miminhos,
quando tem dúvidas nos trabalhos de casa lá está a Mãe para ajudar, quando tem
fome lá está a Mãe para fazer a comidinha de que ela gosta. Acho que é preciso,
acima de tudo, uma boa dose de bom senso. Não ser demasiado rígida nem
demasiado permissiva. Desculpem mas não consigo definir a nossa relação
enquanto Mãe e Filha, é demasiado nossa.
Em relação aos dois, deixo-os cair para
aprenderem a levantar-se, deixo-os brincar, experimentar, sujar-se e
expressarem-se sem terem medos ou vergonhas. Isso é tão importante quando
estamos a formar “pessoínhas” que serão os nossos adultos no futuro. Ajudá-los
e incentivá-los a terem confiança neles próprios.
5’Tastic Moms: Quais
são as suas rotinas diárias enquanto mãe e mulher?
AIA: Neste momento a
minha vida está um caos. Mesmo. Tratar dos miúdos, dos 2 cães, da casa e do
marido (risos). A sério, há uns meses achei que dava em doida. Pela primeira
vez na vida tive de contratar uma empregada para me ajudar 1 vez por semana com
a limpeza da casa e é uma grande ajuda, realmente. Sempre achei que não
precisava de mais ninguém mas nunca mais me esqueço de uma frase que a pediatra
dos meus filhos me disse, tinha o Salvador apenas 3 semanas: “Ana, meta na
cabeça que não é uma Super Mulher. Não há Super Mulheres.” Aquilo bateu forte
cá dentro. A partir daí deixei de exigir tanto de mim. Não sou pessoa de me maquilhar,
de me arranjar demasiado nem ter rotinas de beleza. Óbvio que gosto de hidratar
a pele, passar um rímel nas pestanas e usar um anti-olheiras. Isso sim,
imprescindível! Tem de ser. Não saio de casa sem isso. Desodorizante e perfume.
De resto, é o mais confortável possível, cabelo apanhado e ténis. Gloss, que é
uma coisa que adoooooro nos lábios, deixei de usar desde que fui Mãe. É raro
usar. Preciso de beijar os meus filhos constantemente e não quero que andem
todos pegajosos e cheios de glitter por todo o lado (risos).
5’Tastic Moms:
A Ana é um Comunicadora, Animadora de Rádio, DJ, Blogger e mais… Como consegue
conciliar todos os seus projetos, se o dia só tem 24horas, e ainda ser mãe?
AIA: O nosso dia começa
sempre às 7.30h, deixar a Nô na escola às 8.30h, a seguir o Salva nos avós e
depois ir trabalhar, tendo em conta que moramos na Margem sul e trabalhamos em
Lisboa durante a semana e percorremos o País de Norte a Sul ao fim-de-semana. A
Nô pratica ginástica acrobática e patinagem artística, tem explicação de
matemática, eu e o Gil temos todos os nossos trabalhos e o que nos vale é o
apoio familiar. Tentamos sempre ser nós a acompanhar a Nô nas atividades extra
mas nem sempre dá e os meus Pais têm sido (sempre foram) fundamentais. Os Avós
foram uma grande invenção! São eles o nosso principal apoio com toda esta
logística que é complicada, não é pêra doce. Neste momento faço emissão na
Comercial das 22h à 01h, por isso o meu dia nunca acaba antes das 2h, 3h da
manhã. Ao fim-de-semana temos tido, felizmente, muito trabalho como DJS e,
quando não são discotecas, a Nô já pode acompanhar-nos, o que é muito fixe, ela
adora. Só não anda connosco quando não pode mesmo por ser tão pequena. Temos
muito pouco livre mas é um investimento a longo prazo e adoramos o que fazemos.
Acabo é sempre por deixar o blog e o canal de youtube para 2º plano porque, não
faço disso um negócio, são dois hobbies que me dão prazer mas para os quais não
tenho quase tempo nenhum, a verdade é essa. Prefiro deixar a casa desarrumada,
loiça por lavar e coisas por fazer para poder adormecê-los e estar mais um
bocadinho com eles porque isto passa tudo demasiado rápido. Como costumo dizer
#quisestepinaragoraaguenta
5’Tastic Moms: Se pudesse deixar um conselho que quem foi mãe há pouco tempo,
qual seria?
AIA: Relaxem e não
levem a peito as críticas de quem está à vossa volta nem dêem tanta importância
às opiniões de quem acha que sabe sempre mais do que vocês. As Mães somos nós,
porra! Não é? Chill out and enjoy the moment. Relativizem tudo. Vocês é que são
as Mães, os filhos são vossos, o resto interessa pouco. Não vivam em função da
opinião e experiência dos outros. Cada um é como cada qual, que é uma expressão
que adoro.
5’Tastic Moms: Qual é o papel do
Francisco na educação da Leonor e do Salvador?
AIA: Fundamental! Não
falei muito nele porque a entrevista é sobre as Mães, certo? Mas a verdade é
que não vivo sem ele nem conseguia fazer metade do que faço sem ele. Temos uma
forma muito particular de viver. Horários tardios e desfasados, refeições fora
de horas, muito poucas regras e uma dose gigante de amor, compreensão e bom
humor. Encaramos tudo isto sempre com muito humor porque é assim que tem de
ser. É o meu companheiro de uma vida, o meu parceiro, o Pai dos meus filhos. E
tem uma paciência de santo, é o meu equilíbrio. Eu sou muito enérgica, pêlo na
venta, destemida, distraída enquanto que ele é super calmo e observador, muito
mais racional. Não me imaginava a viver ou a ter filhos com outra pessoa. Não
sabemos o dia de amanhã mas sinto que o Universo nos juntou. A minha Mãe sempre
disse que só se estragava uma casa, lol!!!! A verdade é que estamos juntos há
18 anos e, até agora, tem corrido tudo bem.
5’Tastic Moms: Que
situação já a levou a dizer ou a pensar “Porque o filho é meu, porra!”?
AIA: Tantas... mas
aquela mania de dizerem “Ai coitadinho do menino que tem os pezinhos frios!”
Epah não! Os bebés têm sempre as extremidades do corpo mais frias, no caso dos
meus filhos, quando os pés ou as mãos estão quentinhos é porque estão com sono.
Não gosto de ver as crianças todas enchouriçadas, cheias de roupa, meias,
collants, uma camisola interior, mais outra por cima e um casaco e mais sei lá
o quê. O meus filhos sempre andaram descalços o mais possível, até porque
segundo a pediatra deles, os pés têm sim de respirar e os bebés têm de ganhar
defesas. Se estiverem sempre todos tapados, num dia em que estejam um bocadinho
mais à vontade têm mais probabilidade de ficarem doentes. Isso é o que me tira
mais do sério, a preocupação constante em tapar e proteger os miúdos. Menos.
Porque os filhos são meus, porra!! (risos) Adoro esta expressão, vou passar a
usar, eheheheh!!!
5’Tastic Moms: Os meus filhos são… (termine a frase)
AIA: Os meus filhos
são... felizes e doidos. Como os Pais.
Obrigada Arrojinha pelo seu testemunho.
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