Hoje conversamos com Rita
Santos Marques. Uma mulher de 39 anos, com 4
filhos – o Diogo de 12 anos, o Gonçalo com 8, o Miguel com 5 e a Maria Clara
com 2 anitos, é a
autora do blog “E eu que só queria um casalinho” e uma super, hiper, mega mãe.
Funtastic Mom: Quem é a Rita
Marques?
RM: É uma mulher com um
certo grau de imaturidade e insanidade que a tornam suficientemente sã para ser
feliz e grata pela vida agitada, absorvente e intensa que tem.
Funtastic Mom: O que é para si
ser mãe?
RM: De forma muito
resumida, ser mãe é, fundamentalmente,
errar todos os dias, andar sempre cheia de dúvidas, ser incondicional,
cuidadora e protectora das suas crias!
Funtastic Mom: Tem quatro filhos
maravilhosos, o Diogo, o Gonçalo, o Miguel e a Maria Clara, todas as gravidezes
foram planeadas? Como correram?
RM: Só planeei as duas
primeiras (e mal). As outras foram
um bónus agridoce… Eu adoro estar grávida, tudo o que possa ter corrido menos
bem, está muito arrumadinho. Só me lembro da parte gira, fofa e rápida da coisa!
Nunca tive uma gravidez que conseguisse ir além das 38 semanas… Passou num
tirinho!
Funtastic Mom: O que alterou no
seu comportamente/maneira de agir da primeira para as restantes gravidezes?
RM: Deixei de ser tão
neurótica, mas ainda fui um bocadinho (muito)… Tinha imenso receio de os
perder, que nascessem mais cedo, que contraíssem alguma infeção, doença,
coisas… Mas, felizmente, nasceram todos giros, saudáveis, dorminhocos e
comilões, só viraram a boneca mais tarde…
Funtastic Mom: Como é lidar com
quatro crianças com tão pouca diferença de idades entre si?
RM: É terrível! Tem dias
que é de gritos! E, quer seja bonito ou não de se dizer, esses dias menos bons
são em maior número que os bons. O que vale é que, como os bons são raros,
quando vêm são uma lufada de fresco, de ar puro e que renova a malta para mais
uma leva de dias menos floridos. Apesar da personalidade desenrascada e
autónoma, com que todos eles foram abençoados à nascença ou com a vinda dos
irmãos (ainda estou para decidir) são ainda muito pequeninos, com rotinas que
têm de ser cumpridas com ajuda, com decisões diárias que têm de ser tomadas por
nós, com muita necessidade de carinho, atenção, afecto, conversa... E, há dias,
que me sinto completamente incapaz de dar conta do recado. Tanta coisa ao mesmo
tempo, é arrebatador! A exaustão mental vence-me várias vezes, mais do que
aquelas que eu gostaria… Mas, a noite, o deitar, é o momento em que começa
outro dia. Tudo o que se tenha passado de menos simpático é enterrado,
eliminado, esquecido ali… na hora do beijinho, do abraço, da conversa, da
história antes de adormecer. No segundo a seguir a esse momento, quando já
estão todos deitados, respiro fundo e sinto, com a gana do amor, que vale a
pena, que sou abençoada!
Funtastic Mom: O Diogo teve
ciúmes quando os irmãos nasceram? E os restantes? Se sim, como lidou com isso?
Como reagiram os rapazes com a chegada da Maria Clara?
RM: O Diogo teve, tem e terá
ciúmes do irmão que nasceu a seguir a ele, para o resto da sua vida feliz…
cheira-me! Eu aceito esse sentimento. É algo que ele sente, portanto, tenho
mais é que aceitar, lidar com ele, tentar ser sempre justa e ter isso em conta
quando estamos em família. Se consigo? Não! Mas tento… Enquanto eu for
tentando, de formas diferentes, não me sinto excessivamente culpada, só um
bocadinho…
Funtastic Mom: Quais são os seus
maiores/medos enquanto mãe? E enquanto mulher são?
RM: Enquanto mãe, tenho
fobia que lhes aconteçam coisas que nem consigo sequer expressar. Só de
imaginar dói e, como qualquer mãe sabe a que me refiro, fico por aqui. Tudo o
resto, sei que tenho capacidade para aceitar. Façam o que fizerem vou sempre
gostar deles da mesma maneira! Enquanto mulher, tenho pânico de não ser um bom
exemplo de uma pessoa do género feminino! Não é como mãe, que isso sei bem que
dou o meu melhor e a mais sou obrigada mas não consigo. É mesmo como mulher!
Tenho consciência que não assumo esse meu papel em pleno… Dou prioridade ao de
mãe e ao de esposa (por esta ordem) só depois é que vem o outro, o tal - o de
mulher (e é quando vem, é raríssimo!). Isso encaganita-me! E tem-me dado que
pensar cada vez mais (não sei se isso é bom, se é mau – hei-de descobrir um
dia, hoje não é esse dia).
Funtastic Mom: Qual é o papel
do pai na vida dos miúdos?
RM: O pai é o responsável
pela vida confortável que eles têm. Aquela onde falta imensa coisa que gostavam
de ter mas onde têm absolutamente tudo o que precisam! Não lhe sobra tempo para
muito mais. Mas, felizmente, todos percebemos que isto também é uma forma de
amar – a de trabalhar por nós, de assumir a grande responsabilidade que é
sustentar 4 filhos, uma mulher e um Simão Cão! Raramente, tem de dormir fora de
casa, como tal, quase todos os dias ajuda nas rotinas antes do deitar e, de
manhã, é ele que leva os rapazes à escola. O Didi é um apaixonado pelo pai.
Imita-o em tudo (apesar de ter uma forma de ser e de estar mais parecida com a
mãezinha). O Miguel também é muito chegado a ele, prefere que seja o pai a
dar-lhe banho e a apoia-lo na higiene nocturna. A Maria Clara é a menina do
papá… enche-o de mimo! Aos fins-de-semana gostam de jogar Playstation, ver
filmes e ir ao MAC sem o meu conhecimento…
Funtastic Mom: A Rita criou o
blog “E eu que só queria um casalinho”, qual foi o seu propósito?
RM: Espairecer…
Funtastic Mom: Que situação ou
situações já a levaram a pensar “Porque o filho é meu, porra!”?
RM: Ui… sempre que me dão
palpites que eu não pedi! Quer seja relativamente à amamentação, educação,
roupa, penteado, ar que respiram… Quando os entopem de doces sem a minha
autorização. Quando lhes dizem que “as desculpas evitam-se”, quando dizem que
são muito imaturos, mal-educados, barulhentos… Quando querem obrigá-los a comer
coisas que não gostam ou que simplesmente não lhes apetece. Quando lhes mandam
pintar dentro dos traços e com certas cores. Quando lhes dizem que cor-de-rosa é
para meninas. Quando sugerem que com uma palmada “iam ao sítio”. Quando acham
que há um sítio onde eles deviam ir. Quando não os deixam ser quem são. Quando
acham que têm mais direitos que eles. Quando não percebem que o filho é meu e
dele próprio, porra!
Funtastic Mom: Os meus filhos
são … (termina a frase)
RM: … o que são! E amo-os
assim, sem tirar nem pôr!
Obrigada Rita 😄
Comentários
Enviar um comentário