Estivemos à conversa com a Filipa
Gomes. Uma mulher de 32 anos, com 1 filha – a Julieta com 1 aninho, apresentadora do
programa “Prato do dia” no 24Kitchen e uma mãe carinhosa e muito simpática.
5’Tastic Moms: Quem é a Filipa?
Filipa Gomes: é uma miúda-mulher, de 32 anos, que teve uma infância
incrível, passada nas hortas dos avós com direito a banhos de tanque, corridas
de bicicleta e caça dos pirilampos, que queria ser designer de moda, mas acabou
por ser publicitária, e que, sabe-se lá como viu a sua vida dar uma volta de
180º quando, sem querer participou num casting para apresentar um programa de
culinária e ganhou. Atualmente cozinheira, apresentadora, mãe, namorada e
feliz.
5’Tastic Moms: O que é para si ser mãe?
FG: Primeiro um milagre. É a apoteose máxima da natureza.
Ultrapassada essa ideia ( que ainda hoje me bate muito forte), ser mãe é
cuidar, é ter todas as células do nosso corpo a transbordar de um amor que não
se mede, é ter medo, é querer ser todos os dias a melhor versão de nós mesmos
para conseguir que sejas sejam o mais felizes e inteiros possível. Mas ser mãe
também é ter paciência. Muita!!!
5’Tastic Moms: Gostou
de estar grávida? O que mais gostou? E o que menos gostou?
FG: Puf, amei! Nunca tive tão feliz tanto tempo seguido. No
outro dia li uma entrevista de uma artista brasileira que dizia que “estar
grávida é como fumar um bagulho forte”. É muito isso. As hormonas do caraças. O
ser humano é perfeito demais!
O que
mais gostei foi de tudo. O que menos gostei foi dos pés e pernas inchados.
5’Tastic Moms: Quais são os seus maiores receios/medos como mãe? E como
mulher?
FG: De não ser suficiente. Desde o início. De não ser
suficientemente forte na hora do parto. Do leite não ser suficiente para a
alimentar. De não brincar o suficiente com ela. De não a educar suficientemente
bem. Das minhas respostas não serem suficientemente boas para as perguntas que
aí vêm. De não ter paciência suficiente.
E como
mulher, tenho medo de passar a ser só mãe. Esse também é um medo que não passa.
Porque o tempo é pouco e é difícil desempenhar tantos papéis. Mas ser mulher é
um papel essencial ao qual não quero renunciar.
5’Tastic Moms: Do que
sente mais falta da sua vida antes de ser mãe?
FG: Da liberdade e da pouca responsabilidade. Eu levava uma
grande vida de malhão, sem horas, de bicicleta, jantares fora, saídas,
trabalhar noite dentro. Regabofe que por enquanto ainda está muito controlado.
5’Tastic Moms: Diga-nos uma coisa boa e uma menos boa que ganhou com a
maternidade
FG: Quando o tempo nos falta, temos de saber escolher as
guerras. Agora tenho mais facilidade em definir prioridades. Por outro lado o
stress também aumentou, porque decidi trabalhar e cuidar dela ao mesmo tempo. E
isso é uma utopia. Estive com ela até ao 13 meses e entretanto está na escola há 2. Sei que fui uma privilegiada por ter conseguido cuidar dela e trabalhar ao
mesmo tempo. E foi mesmo difícil. Mas também doeu muito pô-la na escola. Agora estou
melhor. Mas nos primeiros dias eu era claramente uma mãe descompensada e dorida.
5’Tastic Moms: Que tipo de mãe é a Filipa?
FG: Sou muito galinha e muito atenta. Adoro mimar ou ficar
simplesmente a vê-la crescer, a fazer coisas sozinha e a ganhar autonomia. Muitas
vezes tenho de controlar os meus instintos protetores e não a super proteger. Quero
muito que ela cresça uma miúda forte e segura.
5’Tastic Moms: Agora
que é mãe há mais 1 ano, o que pensa sobre a amamentação?
FG: Eu defendo muito a amamentação e costumo avisar as minhas
amigas de que provavelmente é a coisa mais difícil de todo o processo que é ter
um bebé. E claro que só posso falar da minha experiência. Felizmente a Julieta
mamou até querer, até aos 10 meses. Mas houve momentos muitos duros, muitas
vezes quis desistir por causa das dores e da insegurança de não estar a fazer o
certo.
Acho
importantíssimo amamentar. Mas temos de ter cuidado para não ferir
suscetibilidades de quem não consegue, de quem não pode, de quem está em
sofrimento por causa da culpa do falhanço. Mas eu não sou melhor ou pior mãe
que qualquer outra mulher que quer o melhor para o seu filho, tendo conseguido
ou não dar de mamar. Uma mãe infeliz, isso sim será uma pior mãe para um bebé. É
preferível que uma mãe esteja segura e tranquila a dar um biberão de fórmula,
que infeliz a dar mama, só porque é suposto.
5’Tastic Moms: A Filipa como a apresentadora do “Prato do dia” tem a cozinha
como umas das suas grandes paixões. Como se deixou conquistar?
FG: Foi muito fácil. Essencialmente foi a conjugação de 3
coisas importantes na minha vida: amo comer, adoro cozinhar e gosto de
comunicar.
5’Tastic Moms: Sendo a Filipa uma ótima
cozinheira, a Julieta deve adorar os cozinhados da mãe. Que conselhos daria os
pais deste país para que os filhos também adorem a sua comida?
FG: A Julieta gosta muito de comer e eu tento que ela tenha uma alimentação
saudável e variada, recorrendo o máximo possível a ingrediente biológicos e
evitando sempre que possível alimentos processados e açucares.
Mas acho
que o sucesso da alimentação de um bebé não esta tanto relacionado com ser-se
um bom cozinheiro, mas sim dar-se a provar o maior número de ingredientes
possíveis , o quanto antes. A variedade, na fase da introdução alimentar , é
importantíssima. Não se fiquem pela batata, pela cenoura e pela maça cozida. Entre
legumes e frutas, há tantas possibilidades! E claro que pode ser um choque,
comer papaia ou manga pela primeira vez pode ser um verdadeiro fogo de
artificio na boca de um bebé que só bebia leite. E por isso a variedade tem de
ser progressiva, mas nunca deve ser evitada, com receio que eles não gostem. É possível
que não gostem à 1ª ou à 2ª, claro. Mas acabam por se habitua, e nesse momento
é altura de dar mais coisas novas. Conselho do meu pediatra e que pusemos em
prática com a Julieta: tentar dar “tudo” até ao 9meses/1 ano. Se um bebé fica
muito tempo confinado a 2 ou 3 sabores e 2 ou 3 texturas, depois vai ser
complicado introduzir a restante variedade alimentar.
Depois
dos bebés já terem ultrapassado a fase da introdução alimentar e já comerem
tudo, acho importante que comecem a comer aquilo que o pais comem e, se
possível, à mesma hora e à mesma mesa. Acredito que o momento da refeição é um
dos maiores fatores de união de uma família. As crianças aprendem a comer, a
aprender a amar, a conversar, a partilhar.
5’Tastic Moms: Se a Filipa pudesse deixar um conselho que quem foi mãe há
pouco tempo, qual seria?
FG: Só um?! Não ter medo de pedir ajuda.
5’Tastic Moms: Que
situação já a levou a dizer ou a pensar “Porque o filho é meu, porra!”?
FG: Ahhh, tantas. E todos cliché: “Ah, a
menina está com calor, tira-lhe a camisola.”; “Posso pegar?”; “Lavar as mãos? Não
é preciso, eu lavei há bocado”; “Porque é que a pões a dormir todos os dias à
mesma hora?”; “Ela já tem 9 meses, qual é o problema de ficar aqui no
restaurante até à 1 da manha?”; “Não lhe estás a dar muita fruta?”; “Não gosta
de andar ao colo? Gosta, gosta, queres ver?”; “Porque é que não dás de mamar em
público?”; “Ah, que engraçada, já faz birras, ahaha”; etc.
Mas sinceramente,
acho que as pessoas não fazem por mal. Muitas vezes não têm noção do que estão
a dizer, ou porque nunca foram pais, ou porque já foram pais há muito tempo, ou
porque não fazem ideia do turbilhão de emoções que te corre nas veias,
principalmente no inicio.
5’Tastic Moms: A minha filha é … (termine a frase)
FG: É doce, inteligente, gira, perspicaz, tranquila, feliz. É
os olhos do pai, os dentes da mãe. Gosta de desenhar, de esgravatar na terra,
de flores, de ver desenhos animados enquanto come da tachinha de fruta. Gosta de
música e manda a cabeça para trás enquanto dançamos com ela ao colo. A minha
filha é a coisa mais fascinante e transcendente que me aconteceu na vida. E acho
que vou parar, se não a Internet não chega 😋
Obrigada Filipa pelo testemunho 😀
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