#17 Mariana Sá

Hoje estivemos à conversa com Mariana Sá. Uma mulher de 25 anos, com 1 filha – a Ritinha de apenas 3 meses, é directora artística, autora do blogue “Gira que se farta!” e uma SUPER mãe.

Funtastic Mom: O que é para ti ser mãe?

Mariana Sá: É a realização de um desejo. De um projeto de vida a dois. Até há pouco tempo achava que iria ser mãe lá para os 36. E que, até lá, iria viajar pelo mundo. Mas não. O amor mostrou-me que queria ser mãe agora. E tem sido a melhor coisa da minha vida.

Funtastic Mom: Gostaste de estar grávida? O que mais gostaste? E o que menos gostaste?

MS: A-d-o-r-e-i estar grávida! Senti-me assim no auge! Ao início era muito vaidosa. Até aos 5 meses mantive o meu peso, pelo que era só ver a barriga a crescer. Depois esqueci todas as restrições alimentares e comi tudo o que queria. Foi fantástico. Sentir-me bonita, sentir-me bem. Consegui dormir bastante bem até ao fim do tempo e o meu corpo rapidamente se habituou a acordar 3 ou 4 vezes por noite para ir à casa-de-banho. Os únicos momentos chatos foram as últimas duas semanas. Parecia que não parava de aumentar, já não tinha posição para me sentar e estava mais cansada. A Rita estava sentada, por isso não havia previsão de nascer por si. Fiz a cesariana no dia em tinha 40 semanas + 1 dia, e ainda bem, porque no caminho para o bloco as águas rebentaram!

Funtastic Mom: Quais são os teus maiores receios/medos como mãe? E como mulher?

MS: Ui… Não sei. É uma pergunta difícil. Nunca fui de grandes ansiedades, medos, sofrimentos… Sempre esperei para ver o que acontecia. E assim tem sido. A Rita é uma bebé maravilhosa. Perdoem-me as mães cujos bebés choram todo o dia e/ou toda a noite, mas a Rita desde que nasceu que dorme, pelo menos 5 horas seguida, à noite. Mas já tive muitas noites de ela dormir 8h/9h. Uma vez dormiu 10h e eu e o pai acordámos assustadíssimos. Durante o dia é super bem-disposta, só quer conversa e passeio. Isto para dizer que acredito muito que este feitio dela tenha a ver com a paz e serenidade com que vivi na gravidez, e com que vivo diariamente. O maior receio que tinha era anular-me enquanto mulher. Mas isso não tem acontecido. Antes pelo contrário, agora apetece ainda mais saltar da cama de manhã e aperaltar-me. Temos saído muito com ela, para todo o lado, desde que saibamos que ela vai estar confortável ou que são ambientes onde ela se pode enquadrar. E, enquanto mãe, espero que assim seja. O meu maior medo é também o mais estúpido – é que ela morra. É uma parvoíce. E acho que é a primeira vez que o “digo em voz alta”. Mas é a verdade.

Funtastic Mom: Do que sentes mais falta da tua vida antes de seres mãe?

MS: Sinto muita falta de… não sei! Às vezes sinto falta da despreocupação. Ou seja, gostava de poder deixá-la com alguém e durante umas 2 horas não estar preocupada com ela. Mas acho que isto será impossível. Não era fingir que ela não existe… era mesmo ela existir mas conseguir desligar-me por um tempo. Parece-me mesmo impossível. E sinto falta do tempo. Do meu tempo. De ficar sozinha. Sempre fui muito independente, e continuo a sê-lo, porque a levo para todo o lado. Mas há uma independência e um tempo que não voltam. Como em tudo na vida…

Funtastic Mom: Diz-nos uma coisa boa e uma menos boa que ganhaste com a maternidade.

MS: Com a maternidade ganhei mais intolerância, o que é ótimo. Era muito paciente e politicamente correta. Agora não. Se não gosto, digo. Se me incomoda, falo. Se tenho de chamar a atenção, faço-o. Se tenho de tirar a minha filha do colo de alguém nem penso duas vezes, porque… a filha é minha, porra! Agora, se isto é bom ou menos bom, na verdade não sei 😊 Acho que tem dias e momentos! Deixo ao vosso critério.

Funtastic Mom: És a autora do blog “Gira que se farta!”, qual foi a tua motivação para a criar essa página?

MS: Sempre escrevi muito. Adoro cadernos, lápis e canetas. E lembro-me perfeitamente de começar a escrever assim mais a sério no 7º ano. Acho que até cheguei a ter diários. Depois, com o aparecimento das redes sociais, volta e meia ia escrevendo algumas coisas. E como gosto muito de textos de opinião e poesia, ia procurando mais e mais. Alimentando-me. E assim, muito antes de sequer pensar em ter filhos, surgiu o blog. Sigo imensos blogs que adoro, e pensei – «bem, há tanta coisa que uma pessoa pensa e acaba por não escrever, por que não experimentar?» Mas sou muito preguiçosa e desnaturada. Às vezes só publico 3 ou 4 vezes por mês. Agora ando a tentar ser mais pontual. E a fugir um bocadinho à maternidade.

Funtastic Mom: Que conselhos darias as recentes e as futuras mamãs deste país.

MS: Isto é só perguntas difíceis! Não sei que conselhos daria… Só posso falar da minha experiência, que foi muito boa. E que me supera dia após dia. Acho que o que poderia dizer é que, pela minha experiência, acredito cada vez nos estímulos que o bebé recebe quando está na barriga da mãe. Por isso, aproveitem bem a gravidez, pais, mães e pessoas mais próximas. Curtam o momento! E mais uma coisa: desde que a Rita nasceu que tenho muito esta perceção – não há nada que valha a pena sobrepor à maternidade, pelo que este tempo, que corre!, deve ser aproveitado ao máximo.

Funtastic Mom: Que situação já te levou a dizer ou a pensar “Porque o filho é meu, porra!”?

MS: Ui...Ahahahah! Quando lia o blog e via esta pergunta, achava que dificilmente me imaginaria a pensar assim. Mas a verdade é que é quase diário! Quando ela acabou de comer, saímos de casa, começa a chorar por algum motivo, a primeira coisa que ouvimos é “tem fome!”. Ou, por exemplo, no outro dia em que estavam 30 graus e saí com ela de fralda e vestido. O tempo arrefeceu e, num elevador de um serviço público, um senhora diz-me “está um bocado fresco para uma bebé tão pequena andar assim!”. Que nervos, pá! A filha é minha e quem passa 24h/dia com ela sou eu. Ás vezes apetece-me dizer para fazerem queixa à CPCJ, por ela passar tanta fome e tanto frio na boca de terceiros...

  

Funtastic Mom: A minha filha é … (termina a frase)

MS: o meu pequeno Marante, a minha tartaruga, toda pai, a minha gorda… bem, a minha filha é um espetáculo e é minha, porra! 😊

Obrigada Mariana pelo o teu testemunho 😀